Intolerância à lactose X alergia à proteína do leite

Cada vez mais pessoas precisam parar de consumir leite e seus derivados por motivos de saúde. Duas condições são as mais frequentes quando o assunto é impossibilidade de consumo de leite: a intolerância à lactose e a alergia à proteína do leite. Essas duas condições são bem diferentes mas acabam sendo confundidas já que ambas impedem a pessoa de consumir laticínios. Hoje vamos acabar com essa confusão e entender de vez as diferenças entre intolerância à lactose e alergia à proteína do leite.

A lactose é o açúcar presente no leite, ela é formada pela ligação de duas moléculas: glicose e galactose. O nosso organismo não consegue absorver a lactose inteira, por isso ela precisa ser “quebrada” liberando glicose e galactose. A glicose e galactose são facilmente absorvidas no nosso intestino, servindo como fonte de energia para o nosso corpo. A enzima que faz a quebra da lactose se chama lactase. Se não for quebrada, a lactose se acumula e começa a ser fermentada pelas bactérias presentes no intestino. Como resultado dessa fermentação ocorre flatulência (aumento de gases), cólica, diarreia e vômitos.

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O leite é a base da alimentação de todos os mamíferos nos primeiros meses de vida. Depois do período de lactação a maioria dos mamíferos para de consumir leite e também para de produzir a enzima lactase, já que ela não será mais necessária.  Nós humanos somos uma exceção, porque seguimos consumindo leite e laticínios na vida adulta. Isso somente é possível por duas razões: porque criamos animais produtores de leite e seguimos produzindo lactase ao longo da nossa vida. O que normalmente ocorre com o envelhecimento é que passamos a produzir menos lactase. Isso é normal e não afeta a nossa capacidade de digerir o leite, os problemas começam quando os níveis dessa enzima diminuem significativamente.

A intolerância à lactose ocorre quando paramos de produzir a enzima lactase ou produzimos uma quantidade insuficiente para a digestão do que consumimos de laticínios. Por causa disso, como vimos antes, a lactose se acumula no intestino e ocorrem sintomas intestinais. Se estima que 40% da população brasileira possua algum grau de intolerância a lactose!!!! Existem três tipos de causa de intolerância a lactose:

1. Congênita: a pessoa nasce sem a capacidade de produzir lactase. Essa condição é pouco frequente.

2. Primária: a produção da lactase vai diminuído gradativamente ao longo da vida até comprometer a digestão do leite, o que ocorre na vida adulta. É o tipo mais comum e é responsável pela maioria dos casos que conhecemos.

3. Secundária: ocorre após período de diarreia intensa. A pessoa para temporariamente de produzir a lactase, depois de uma tempo a produção da enzima volta ao normal. É mais comum no primeiro ano de vida.

O principal tratamento para intolerância à lactose é evitar o consumo de leite e seus derivados. Nesse caso estamos falando de leite de qualquer origem, seja de vaca, cabra, ovelha ou búfala, já que a lactose está presente em todos eles. No mercado existem leites e vários produtos com quantidade reduzida de lactose ou até mesmo com zero lactose, que podem ser aliados na dieta de quem tem intolerância. Uma outra possibilidade é a suplementação da enzima lactase. No entanto,  no Brasil ainda não estão disponível medicamentos industrializados contendo lactose, a alternativa são as formulas manipuladas em farmácias de manipulação e suplementos alimentares. Já em vários países existe lactase em diversas formulações farmacêuticas e com atividade bem melhores que as encontrada no país.

Existem pesquisam mostrando que probióticos podem ajudar na intolerância à lactose. Os probióticos são  microrganismos vivos que colonizam nosso sistema digestivo e fazem bem à saúde, os mais conhecidos são os lactobacillos (aqueles dos leites fermentados). Eles ajudam na intolerância porque são capazes de quebrar a lactose!!!! Estudos começam a sugerir que a suplementação com probióticos pode melhorar a vida de quem tem intolerância a lactose.

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Agora a alergia à proteína do leite é bem diferente. Como nome já indica, ocorre uma reação alérgica à uma das várias proteínas presentes no leite. A maioria das alergias são causadas por uma proteína chamada caseína, mas pode ocorrer alergia à outras proteínas.

Você sabe o que é alergia?

O sistema imunológico protege o nosso organismo contra doenças. Ele produz reações para combater invasores possivelmente perigosos para o nosso corpo. No processo alérgico, o sistema imunológico se engana e reconhece uma substância segura como perigosa iniciando uma reação imune contra coisas comuns (como a proteína do leite, por exemplo). Assim, na alergia à proteína do leite ocorre a produção de anticorpos contra proteínas presentes no leite. Os sintomas mais comuns são gastrointestinais (diarreia, cólica, refluxo e desconforto abdominal entre outros), dermatológicos (exema e urticária) e respiratório (rinite).

Para alergia à proteína do leite o melhor tratamento ainda é evitar o consumo de leite e derivados. Uma possibilidade também é identificar qual proteína produz a alergia, já que existe diferença entre a composição proteica dos leites da vaca, cabra e ovelha. No caso de alergia não adianta consumir produtos com baixo teor de lactose nem suplementar com a enzima, já que o problema são as proteínas e não o açúcar.

A principal dica, tanto para quem tem intolerância como alergia é obter cálcio de fontes alternativas. Como tofu, espinafre, ovo, feijão, couve, brócolis, amêndoas, nozes, e mais uma lista enorme de alimentos que suprem as necessidade diárias de cálcio mas não são derivados do leite. Igual é importante ficar de olho no cálcio para evitar a osteoporose , principalmente as mulheres.

Se você desconfia que possui algum desses problemas, não adianta, somente o médico vai conseguir fazer o diagnostico correto e indicar qual a melhor estratégia pra você. Igual vale fazer o teste, fique alguns dias sem consumir leite e derivados e veja se os sintomas melhoram. Quando falo em derivados, pensamos direto em iogurte e queijos, mas vários produtos contém leite: manteiga, biscoitos, bolos, doces, pães… então fiquem de olho nos rótulos para saber o que tem ou não leite na formulação. Outro profissional que ajuda muito quem tem restrição ao consumo de leite são os nutricionistas. Eles conseguem calcular quanto de cálcio você precisa por dia e criam um dieta equilibrada pra você viver sem leite mas com saúde. 

Então, acabou a confusão entre intolerância à lactose e alergia à proteína do leite??!! Qualquer dúvida escreve pra gente!

1.Para ler mais sobre o assunto –> http://bit.ly/180J4x4http://1.usa.gov/15qYCa5http://1.usa.gov/180IlvNhttp://1.usa.gov/19xsaFw