Mexa os músculos, fortaleça o cérebro

Todo mundo sabe que atividade física faz bem a saúde. Mas o que talvez você não saiba é que enquanto você mexe seus músculos correndo no parque por exemplo, você está fortalecendo seu cérebro.

Atividade física regular pode inclusive prevenir e/ou impedir o avanço de doenças como Parkinson, Alzheimer e AVC.

Mas o mais interessante é que o exercício físico é capaz de minimizar os efeitos do envelhecimento no cérebro.  Isso mesmo! A atividade física não é somente útil para doenças do envelhecimento, mas também para minimizar alterações da função cerebral que ocorrem normalmente com o passar dos anos.

Durante o envelhecimento não é somente a sua pele que fica enrugada ou os seus cabelos que ficam brancos, todos os órgãos e sistemas do seu corpo passam por alterações. Essas alterações são normais e fazem parte do envelhecimento. Mas assim como você passa cremes antirrugas para minimizar o efeito do tempo na sua pele, existem estratégias para minimizar o efeito do envelhecimento em outros órgãos, como por exemplo no cérebro.

Com o passar dos anos é normal que ocorram alguns lapsos de memória e diminuição de cognição (aprendizado, atenção, associação, etc). Isso ocorre devido ao envelhecimento e não é considerado uma doença. Quem já está passando dos 60 anos sabe bem do que estamos falando.

brain

Mas como o exercício físico consegue mexer com o nosso cérebro?

Isso parece estranho porque nos acostumamos (e fomos ensinados) a pensar no corpo humano de maneira segmentada, somente nos músculos, somente na pele, somente nos ossos, mas e verdade é que nosso corpo é um sistema que funciona em conjunto. Pensando no corpo como um todo fica mais fácil de entender porque coisas que ocorrem num órgão podem interferir diretamente na função de outro.

Mas voltando ao exercício físico, vamos começar pela atividade aeróbica.

Quando você corre, nada, caminha ou anda de bicicleta, por exemplo, seus batimentos cardíacos aumentam e o coração bombeia mais sangue por minuto (débito cardíaco). Isso ocorre porque seu corpo está consumindo mais oxigênio para gerar energia e realizar o exercício e como o oxigênio vem pelo sangue, o fluxo sanguíneo aumenta.

O aumento de fluxo sanguíneo ocorre em todo o corpo, inclusive no cérebro. O aumento do fluxo sanguíneo no cérebro leva mais oxigênio e nutrientes para as células cerebrais. Isso melhora as defesas antioxidantes combatendo assim radicais livres (envolvidos no envelhecimento dos tecidos). Mas além disso, o fluxo sanguíneo aumentado faz com que novos vasinhos sanguíneos se formem no cérebro (angiogenesis) melhorando a circulação. Também são liberadas substâncias chamadas de fatores de crescimento. Os fatores de crescimento aumentam o número de conexões entre neurônios (sinaptogenesis) e também aumentam o número de neurônios (neurogenesis). Como essas alterações acontecem principalmente em regiões responsáveis pela cognição e movimento,  ocorre melhora da memória, do aprendizado, da atenção e do controle do movimentos, funções que são afetadas pelo envelhecimento.

Esse esquema ajuda a entender as consequências do aumento do fluxo sanguíneo, causado pelo exercício,  no cérebro:

exercicio e cérebro

Mas não é somente o exercício aeróbico que ajuda a manter o cérebro jovem. Exercícios de força, alongamento e equilíbrio também são importantes para prevenir os efeitos do envelhecimento sobre o cérebro.

Quedas causadas pela diminuição da coordenação motora e dos reflexos são comuns em idosos.

Isso ocorre devido a alterações em áreas específicas do cérebro responsáveis pelo equilíbrio e controle dos movimentos. Quando realizamos exercícios de equilíbrio aumentamos a atividade neuronal das regiões cerebrais responsáveis pelo controle do movimento e equilíbrio, o que aumenta o fluxo sanguíneo para essas regiões  e daí você já sabe o que acontece.  Da mesma maneira que ocorre quando exercitamos um músculo e ele fica mais forte, quando usamos muito as regiões cerebrais envolvidas no equilíbrio elas ficam mais fortes e surgem mais conexões entre os seus neurônios. O que é exatamente o oposto que ocorre no envelhecimento.

E não estamos falando de super treinos!! Apenas 40min de caminhada 4 vezes por semana durante 12 semanas já é capaz de aumentar neurônios em regiões envolvidas com cognição. Foi demonstrado que programas aeróbicos de 1h 3 vezes por semana durante 6 meses, aumentaram os volumes de substância branca e cinzenta em voluntários entre 60 e 79 anos.  

Vários estudos mostram que a atividade física é um instrumento poderoso para reduzir o declínio cognitivo e físico de pacientes com Doença de Alzheimer. Além de reduzir a incidência de depressão e até a mortalidade em pacientes com diversas demências. Treinos multifuncionais (incluindo força, flexibilidade e caminhadas) diminuem os déficits motores de pacientes com Doença de Parkinson em apenas 10 semanas.

Manter o corpo ativo parece ser um estratégia simples, barata e eficaz para manter seu cérebro jovem e garantir um envelhecimento saudável com qualidade de vida e independência.

Quer ter um cérebro jovem? Acabe com o sedentarismo!

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Para saber mais:

Artigo sobre exercício físico no Alzheimer e Parkinson — > http://1.usa.gov/1OLZFwh

Artigo sobre exercício e idosos –>http://1.usa.gov/1MPROHJ

Texto do blog de saúde da Universidade de Harvard sobre exercício e cérebro–> http://bit.ly/1SRRGwm

Crédito de imagem: Zeynep Saygin (Aluno de pós-doutorado McGovern Institute for Brain Research). Imagem obtida por técnica de ressonância magnética por difusão, mostrando fibras da substância branca de um cérebro humano adulto. http://bit.ly/1MvAbgW